Por Paul Gottfried
[Retirado de Gottfried, P. (2007). The Rise and Fall of Christian Democracy in Europe. Orbis, 51(4), 711–723. doi:10.1016/j.orbis.2007.08.012.]
Traduzido por Gabriel Gavenas (G2)
Abstract: O papel dos partidos de Democracia Cristã depois da segunda guerra mundial na ajuda a construir regimes parlamentares na Europa Ocidental merece atenção simplesmente por sua capacidade de sobreviver. Tais partidos formaram raízes em países e eleitorados católicos e incorporaram organizações eleitorais do início do século XX. Depois da guerra, os democratas cristãos providenciaram uma alternativa aos grandes partidos comunistas que eram particularmente fortes na França e na Itália. Eles também representaram uma conexão ao passado europeu que não estava implícito nos crimes da era nazista. A democracia cristã alemã provou ser a mais bem-sucedida dentre as de seu tipo. Ela foi além de sua base católica original para incluir uma significativa minoria protestante. E ela tem sobrevivido em meio às mudanças culturais e sociais e acusações de corrupção que reduziram suas contrapartes em outros lugares e uma força parlamentar secundária.
A história política da Europa na segunda metade do século XX foi moldada de forma decisiva pela democracia cristã. Esse foi o caso especialmente na Alemanha e na Itália, os países derrotados e desmoralizados do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Em tais países, partidos democratas cristãos não apenas reconstruíram as economias e sistemas políticos, mas também reintegraram eles ao Ocidente e restauraram suas reputações aos olhos do resto do mundo. Além do mais, eles continuaram a ser os partidos dominantes governando durante a maior parte das quatro décadas da Guerra Fria. Agora, entretanto, a era heróica da democracia cristã chegou ao fim. Mas para entender a Europa dos dias de hoje, que é muito diferente, é útil entender como os partidos democratas cristãos surgiram e como desapareceram.
Os partidos democratas cristãos europeus exibiram uma certa semelhança familiar. Todos esses partidos chegaram à total fruição eleitoral depois da Segunda Guerra Mundial, mesmo que cada um deles tipicamente – e meticulosamente – tivesse suas raízes numa fundação mais antiga. Outras características que compartilhavam eram uma base eleitoral notavelmente católica; uma estratégia política centrista, e o apoio dos governos americano e britânico. Os partidos democratas cristãos mais importantes estavam na França, Itália e Alemanha.
AS RAÍZES DOS PARTIDOS DEMOCRATAS CRISTÃOS
França. O Mouvement Républicain Populaire (MPR) se organizou após a Liberação Francesa de 1944, supostamente para remotamente voltar ao Ralliement do fim do século XIX, e pelos esforços dos monarquistas católicos para chegar a uma acomodação na secularista Terceira República. Políticos que se identificavam como católicos na França pós-guerra, como Georges Bidault, também se identificaram, enfaticamente, com a resistência francesa, isso é, com a Combat, a oposição católica e não-comunista à ocupação alemã. Também é importante notar que eles se atrelaram, em 1947 e em 1958, à carreira e fortuna de Charles de Gaulle, que teve uma grande influência em seu país durante e depois da guerra.
Itália. A Democrazia Cristiana (DC), reorganizada após a queda do primeiro regime de Benito Mussolini em 1943, proclamou como seu mentor o padre siciliano antifascista Luigi Sturzo. Quando os clericalistas associados com Sturzo se opuseram à consolidação de poder de Mussolini, no verão de 1924, aqueles que formaram o Partito Populare Italiano abriram caminho para os partidos democratas cristãos do pós-guerra. Sob a influência de Alicide De Gasperi, que tornar-se-ia seu líder no pós-guerra, o DC italiano tinha tentado cooperar, até 1945, com a resistência antifascista altamente esquerdista no Comitato di LIberazione Nazionale; contudo, devido aos moscovitas (que retornaram do exílio russo) e a sua crescenteinfluência, o grupo de De Gasperi se distanciou cada vez mais da esquerda antifascista.[1]
Alemanha. Uma busca similar por raízes aconteceu no Partido Democrata Cristão e posteriormente na União Democrata Cristã-União-Social-Cristã, a qual Konrad Adenauer lapidou com seus parceiros da coligação bávaros no fim da década de 40. Essa União se apresentou como uma versão melhorada do Partido Centrista Católico do Segundo Império Alemão e, posteriormente, da República de Weimar. Também alegava falar pelos católicos que tinham resistido aos nazistas e comunistas. Os primeiros democratas cristãos, com forte convicção, excluíram de sua lista de candidatos e de sua estrutura organizacional aqueles que tinham feito suas carreiras como entusiastas do Terceiro Reich. Com Adenauer, eles obtiveram sucesso em achar um líder maduro que tinha denunciado Hitler abertamente, como também faria com os comunistas. De fato, esse católico da Renânia, e ex-prefeito de Colônia, também havia liberado seus sentimentos hostis contra a monarquia protestante em Berlim, no início do século XX. Adenauer certamente teria se irritado sob qualquer governo alemão que tivesse emanado do Oriente Protestante. (Ele odiava viajar para Berlim, e lidava o mínimo possível com a mesma organização CDU Protestante, na antiga capital imperial prussiana.) Um motivo pelo qual Adenauer em geral se deu bem com os franceses, ingleses e americanos, até sua aposentadoria da política no meio dos anos 60, era sua felicidade com o status quo, isto é, com um estado federativo Alemão-Ocidental, sediado no Ocidente preponderantemente católico -- tal como era o partido -- e com quartel general na capital da Renânia, Bonn. Restaurar uma Alemanha maior poderia ter criado, ou ao menos foi isso que Adenauer pensou, o tipo de nação que teria piorado a situação dos católicos e reduzido sua capacidade de influenciar na política federal alemã.
Os democratas cristãs europeus também compartilhavam outra característica: seu componente notoriamente católico e, no caso da Itália, clericalista. Adenauer, como líder da CDU, trouxe os protestantes para dentro dando-lhes apoio. Seu sucessor como chanceler alemão, Ludwig Erhard, foi ambos protestante e, até onde as circunstâncias permitiam, um devoto do livre-mercado. Mas a maioria dos eleitores democratas cristãos, naquela época e agora, tem sido católica. E até no apogeu do poder eleitoral da União, entre 1953 e 1958, o partido de Adenauer recebeu mais de 70 por cento de votos católicos, enquanto sua parcela de eleitores protestantes raramente passava de 30 por cento. Somente nos Países Baixos, e brevemente na Escandinávia podia-se encontrar contrapartes protestantes aos Democratas Cristãos Católicos. E em países protestantes, esses equivalentes normalmente pareciam ser um tipo de importação, exceto pelo duradouro Partido Calvinista Anti-Revolucionário Holandês. Essa exceção holandesa, que data do século XIX, foi profundamente conservadora e nunca escondeu seu antagonismo pela modernidade secular. A Direita Protestante Holandesa se posicionou mais fortemente contra a Revolução Francesa e suas consequências do que os Democratas Cristãos Católicos, que se tornaram proeminentes na Europa Ocidental e Central no meio/fim da década de 40.
A ESTRATÉGIA POLÍTICA DA POSIÇÃO CENTRISTA
Quase todos esses partidos Democratas Cristãos foram deliberadamente centristas. Eles formaram sua base incorporando partidos e facções do centro e da direita, sem se associarem com o “extremismo de direita”. Tais partidos não estavam acima da tentativa de comprar líderes de facções de direita com cargos organizacionais, contanto que tais líderes trocassem suas afiliações partidárias. Os líderes Democratas Cristãos Alemães estavam dispostos a fazer acordos com os partidos protestantes de direita na Saxônia e em Schleswig-Holstein, mas eles geralmente desprezavam os reminiscentes do Partido Católico Centrista. Os líderes da CDU acreditavam que os políticos católicos deveriam ter reconhecido seu grupo como o partido sucessor católico. Ao contrário dos líderes do Partido Centrista, os líderes da CDU viam os protestantes, que se estendiam por todo o espectro ideológico, como constituintes políticos a serem recrutados por um partido centrista, mesmo num partido com uma base eleitoral fortemente católica.
Na Itália, a posição centrista do DC foi especialmente útil em permitir que o partido manobrasse. Em 1945, quando Amintore Fanfani tomou a maioria do grupo, o DC se tornou um partido que prestava bastante apoio ao estado de bem-estar. O partido também cogitou o Partido Socialista como um parceiro de coalisão, mas as negociações deram errado porque o líder socialista Pietro Nenni continuou a ser pró-soviético. Depois que Nenni mudou de lado na Guerra Fria após a invasão soviética da Hungria em 1955, seu partido se dividiu e então perdeu votantes para os partidos mais anti-americanos da esquerda italiana. [2]
Como observa Frank Bösch, o cronista da façanha de Adenauer como arquiteto de coligação nos anos pós-guerra, Adenauer acreditava que “cristão” significava moderado.[3] Apesar de sua fé religiosa pessoal, Adenauer olhou de forma oportunística para o nome que escolheu para seu partido. “Cristão” geraria menos hostilidade do que outros nomes que poderiam concorrer na mesma formação política, como “nacional”, “alemão” ou “socialista”. Todas as designações alternativas vinham carregando bagagens que poderiam ter levado a um desastre eleitoral. Se chamar de Partido Centrista também não era uma opção séria, porque tal partido continuou a existir depois da Guerra, e combinou um foco estritamente sectário com posições econômicas socialistas. Como alguém que desejava ser visto como um político de bom temperamento, Adenauer argumentou pela natureza não ameaçadora de um partido “cristão”. Nessa época, der Alte ou “o velho”, como ele era chamado, não tinha que se preocupar com os advogados e jornalistas americanos pedindo por uma separação mais estrita entre igreja e estado.
Tais pensamentos e ações voltaram às preocupações de vários democratas cristãos para não parecerem “extremos”. Eles procuraram se localizar no centro, enquanto construíam pontes em duas direções, rumo aos blocos partidários de centro-direita, com os quais eles eventualmente poderiam negociar para se manter no governo, e com negócios cooperativos e comunidades religiosas que poderiam prover fundos e votos. Até um grupo como os austríacos do Volkspartei, que tinham vindo da direita católica do período entreguerras e contava com “fascistas clericais” entre seus ancestrais, fizeram o mesmo tipo de manobra. Depois da Guerra, o Volkspartei dividiu seu apoio com seus outrora inimigos socialistas. Em 2000, seus dignitários, que estavam, então, no comando do estado austríaco, recuaram em relação ao líder populista de direita Jorg Haider, depois que a esquerda europeia ameaçou impor um boicote na Áustria por cause de Haider e seu supostamente extremista Österreichische Freiheitliche Partei. Olhando para o atual chanceler austríaco Wolfgang Schussel, conforme ele implementa as diretrizes de sensibilidade social da União Europeia, explicitamente secularista, pode-se esquecer que o seu partido surgiu do Partido Social Cristão do entreguerras na Áustria.
Um partido inconfundivelmente clericalista, outrora chefiado por um padre e teólogo, Ignaz Seipel, que serviu duas vezes como chanceler austríaco, e depois por Engelbert Dollfuss, que visou estabelecer um estado católico orgânico na Áustria, sua encarnação tardia, na forma do Volkspartei de nosso tempo, teria ido em choque com seus predecessores.[4]
O atual partido austríaco, que ainda mostra algum vestígio de ligação com a Igreja, não tem nada em comum com seus antecessores, exceto por seu espaço parlamentar como alternativa aos socialistas.
ALIADOS OCIDENTAIS COMO PATRONOS POLÍTICOS
Mas então o Volkspartei austríaco não foi designado para o papel na história mundial que o governo americano tinha designado para os partidos democratas cristãos que “contavam”, particularmente os da Itália e Alemanha. O governo americano no pós-guerra e seus aliados britânicos promoveram as democracias cristãs europeias para restaurar a estabilidade política e “moderação” num continente devastado pela guerra e para conter o comunismo patrocinado pelos soviéticos. E os partidos europeus que tinham recebido subsídios e outros favores dos americanos e, num menor grau, dos britânicos, de fato apoiaram a política externa do “Ocidente” durante a Guerra Fria. Em alguns casos, isso ocorreu por conta da impotência ou pelo desejo dos dependentes de acomodar um patrão. Considere, por exemplo, a posição de De Gasperi e seus associados contra a monarquia italiana, primeiro para agradar a esquerda anti-fascista italiana e posteriormente para agradar seus patrões americanos. Depois da guerra, tornou-se claro que tanto o governo americano quanto as forças de ocupação queriam se livrar da monarquia italiana por seu longo fracasso em se opor resolutamente à Mussolini. Durante a ocupação dos Aliados na Alemanha pós-guerra, não havia segredo sobre quem estava no controle, e até que houvesse algo semelhante a um autogoverno devolvido aos alemães, não foi permitido a seu país esquecer quem perdeu a guerra. Tanto Adenauer quanto seu oponente admitidamente socialista e mais nacionalista da Prússia Ocidental, Kurt Schumacher, deixaram isso claro.[5]
Eventualmente os vitoriosos perceberam que os democratas cristãos eram os melhores veículos de seus interesses. Mas isso não foi sempre uma percepção comum, e não foi até o fim dos anos 1940, quando tanto o governo americano democrático quanto o governo trabalhista britânico começaram a inclinar-se para a direção de Adenauer e se distanciar dos alemães socialistas e seu partido, o SPD. Na Alemanha pós-guerra prevaleceu uma situação que já não seria imaginável na atual esquerda europeia anti-nacional. O SPD, guiado pelo outrora prisioneiro de campo de concentração Schumacher, tornou-se o partido do nacionalismo e reunificação alemã, mesmo ao preço das concessões aos soviéticos e comunistas da Alemanha Oriental. O sincero Schumacher foi um protestante cultural, que retratou Adenauer como um instrumento tanto dos americanos como do Vaticano. Expressou frequentemente a opinião de que embora fosse um representante da classe trabalhadora, era o "trabalhador alemão, não francês ou russo", que ele representava quando falava como líder socialista.
Algumas de suas características fizeram a democracia cristã ser recomendada aos vencedores da guerra, incluindo a sua estudada "moderação" fora do seu compromisso (no caso da Itália) com o clericalismo; a sua flexibilidade econômica, que não o impediu de atrair banqueiros e industrialistas; e o seu valor como força oposta aos comunistas. Ao fim da Guerra, os partidos comunistas na Itália e França poderiam facilmente conseguir por volta de um quarto dos votos da população, e até seu banimento nos anos 1950, o Partido Comunista da Alemanha Ocidental, apesar da ocupação e exploração soviética na Alemanha Oriental, continuou a conseguir entre 8% e 10% dos votos. Como os democratas cristãos na Itália e Alemanha previsivelmente conseguiram por volta de 40% nas eleições nacionais e na maioria das regionais, e por eles poderem governar países europeus sem incluir a esquerda anti-americana, eles eram importantes aliados dos americanos na luta contra os soviéticos. Na França pós-guerra, o equivalente democrata cristão, o Mouvement Républicain Populaire (MRP), mostrou seu próprio poder de obtenção de votos, embora de uma maneira menos espetacular. Entre os 618 deputados eleitos à Assembleia Nacional da recém proclamada Quarta República em dezembro de 1946, havia 164 democratas católicos. Mas como a mesma assembleia continha 183 deputados comunistas e 104 deputados socialistas, o MRP teve que fazer alianças para conseguir ser um agente político relevante para a esquerda não-comunista.[6]
Dois outros pontos devem ser feitos sobre essa relação mutuamente benéfica entre o Ocidente anti-soviético e a Democracia Cristã. Os democratas cristãos, não menos que os líderes americanos e cristãos, se beneficiaram com a “conexão ocidental”. Já em 1945, Adenauer havia concebido o esqueleto de uma estrutura partidária na zona de ocupação britânica. Lá, ele ganhou o apoio de oficiais britânicos não-esquerdistas para o seu projeto, e então adquiriu o direito, que ainda estava indisponível para grupos menos favorecidos, de organizar e emitir literatura de campanha. Adenauer restringiu seu controle operacional à zona britânica, enquanto trabalhava para estabelecer um modelo de partido rigorosamente coordenado. Através disso, ele esperava absorver o partido católico mais antigo, ao qual ele já havia pertencido, depois que a parte ocidental da Alemanha voltasse a se autogovernar. Alguns oficiais britânicos o consideravam o líder ideal de um futuro governo alemão por causa de seu foco não nacionalista, sua oposição à Hitler e sua determinação para expandir seu partido para incluir protestantes. Ele, portanto, gostava do patrocínio britânico mesmo antes do início da Guerra Fria e antes que os Aliados Ocidentais se posicionassem a favor de seu partido. De maneira similar, Winston Churchill tinha favorecido De Gasperi como um líder desejável para o pós-guerra, mesmo antes do fim das hostilidades.
Em 1944, o primeiro-ministro britânico estava procurando por um líder italiano e um partido político que não fosse aliado do regime fascista, mas que pudesse ser um opositor dos comunistas, que estavam retornando do exílio à Itália. A direção do partido pós-guerra foi declarada numa transmissão de rádio em Nova York pelo exilado Luigi Sturzo, em 16 de maio de 1944. Sturzo chamou pela presença de uma força política na Itália pós-fascista que seria cristã e democrática. De acordo com essa transmissão, que pretendia comemorar o aniversário da encíclica Rerum Novarum, escrita pelo Papa Leão XIII em 1891, sem cristianismo, “não se poderia ter nem verdadeira liberdade, nem verdadeira democracia”, como foi demonstrado pelos “pagãos” fascistas.[7]
Anticomunismo como primeiro princípio
Enquanto alguns líderes democratas cristãos se preocupavam com suas carreiras, também estavam genuinamente comprometidos com o lado ocidental contra os soviéticos e seus seguidores parlamentares. Os democratas cristãos na Itália e França pós-guerra ficaram profundamente chocados pela justiça sumária que os comunistas e os seus aliados tinham feito para inimigos políticos após a ocupação no tempo da guerra. Nem o Centro ou a Centro-Direita deixaram de notar que os comunistas que celebraram a "libertação" em 1944-1945 com assassinatos e caos contra supostos simpatizantes do fascismo tinham sido aliados de Hitler e Stalin durante a Queda da França em 1940. Em 1947, os comunistas foram expulsos das coalisões dominantes na França e Itália, quando os democratas cristãos finalmente romperam com eles de forma decisiva. Embora o apoio dos comunistas à Stalin durante a Guerra Fria tenha sido o motivo declarado para essa medida, é fácil imaginar outras motivações, e.g., as declarações do papado contra a tirania comunista e as memórias frescas da selvageria comunista pela Europa entre 1944 e 1947.[8]
No caso de Adenauer, não poderia haver engano quanto a seus fortes laços com o Ocidente ou seu anticomunismo. Em 1952, essa chanceler alemão rejeitou uma proposta soviética que teria permitido a reunificação da Alemanha, como uma nação neutralista e permanentemente desarmada. Enquanto o historiador militar Alan J. Levine, em seu “Stalin’s Last War”, oferece evidências convincentes de que os soviéticos tinham feito essa oferta em uma tentativa de semear discórdia entre seus adversários ocidentais, isso acabou atraindo olhares amigáveis tanto à esquerda quanto à direita alemã.[9] A oferta, escrita de forma vaga, também criou conflitos intra-partidários que tiveram que ser resolvidos pela liderança da CDU.
Adenauer repreendeu e, em alguns casos, removeu da liderança do partido aqueles que se opuseram ao rearmamento alemão. Esse debate ocorreu por volta de 1950, aprofundando divisões confessionais e regionais. Porta-vozes protestantes da CDU, como Gustav Heinemann e Martin Niemoller, ambos da parte oriental da Alemanha, colocaram a unificação nacional acima de diferenças ideológicas. Eles, então, hesitaram em tomar qualquer ação que pudesse exacerbar as tensões da Guerra Fria de um jeito que resultaria na divisão permanente de sua terra natal. Mesmo que essa posição tenha se tornado associada com a esquerda antinacional nos anos 1960, alguns na direita protestante alemã tinham a incorporado antes. O editor conservador da Welt, Hans Zehrer, e o proeminente historiador protestante, Gerhard Ritter, haviam expressado indignação sobre a recusa de Adenauer em buscar reconciliação com os soviéticos sobre a unificação germânica.[10] Tal postura, sem dúvida, acrescentou ao Einbindungsproblem de Adenauer, seus árduos esforços para integrar protestantes em seu partido predominantemente católico, um problema que continuou durante sua carreira pós-guerra. Para alguém que procurava "desmistificar" qualquer questão que pudesse aprofundar a luta inter-confessional do partido (por exemplo, a insistência entre os seus eleitores católicos renanos de que o partido defende as "escolas confessionais"), Adenauer estava disposto a incorrer em perdas por coisas em que acreditava profundamente. Ele apoiou tanto uma presença armada americana na Alemanha Ocidental quanto o rearmamento do seu país no âmbito da aliança ocidental. Nos anos 60, Adenauer defendeu obstinadamente esta posição enquanto enfrentava a oposição de estudantes universitários alemães, incluindo os associados ao grupo juvenil do seu partido (Junge Union). Embora Adenauer tenha endossado a necessidade de debater tais questões em fóruns abertos, nunca se afastou da sua posição de princípio anticomunista. Nem mesmo a sua muito anunciada viagem à União Soviética em 1955, onde organizou a libertação dos restantes prisioneiros de guerra alemães, poderia mudar a sua visão das intenções soviéticas. E até que ele pudesse ter a certeza de que os sociais-democratas partilhavam a sua opinião sobre este assunto, nunca consideraria qualquer coligação que incluísse representantes do seu partido.[11]
O DECLÍNIO DOS PARTIDOS DEMOCRATAS CRISTÃOS
Isto nos faz questionar o porquê de partidos como o de Adenauer terem perdido o seu apelo ou sobrevivido ao custo de mudar em substância. Algumas das razões são autoevidentes. Aplicam-se facilmente aos partidos de centro-direita no Ocidente. A Guerra Fria e o anticomunismo que a acompanha já não estão disponíveis como formas de alimentar as declarações do partido e energizar as campanhas eleitorais. Uma revolução cultural tem ocorrido desde os anos 1960 em ambos os lados do Atlântico, e dois pilares da Democracia Cristã Europeia, o voto das mulheres e um professorado e corpo estudantil amplamente simpatizantes agora desapareceram. Por décadas, as mulheres na Alemanha e Itália votaram em maioria a favor dos democratas cristãos como um "partido religioso". Além disso, até ao fim de sua liderança no partido, Adenauer podia contar com pelo menos 70% dos votos expressos por estudantes universitários e seus mentores em qualquer eleição nacional ou regional.
O enfraquecimento da identidade religiosa europeia, uma tendência que tem afetado todas as denominações cristãs, têm tido grande impacto sobre os democratas cristãos e católicos, em particular. Numa sociedade secularizada e culturalmente radicalizada, esses grupos têm lutado para alistar lealdades sectárias tradicionais ou cristãs. Isto pode ser mais importante para explicar a sua popularidade em declínio do que o fato de que alguns democratas cristãos italianos recebiam dinheiro da máfia (bustarelle). Também houve muita corrupção na esquerda política, sem causar a mesma indignação que feriu os democratas cristãos. Por exemplo, o antigo ministro das relações exteriores alemão Joschka Fischer sobreviveu a uma série de constrangimentos públicos sobre as suas ações quase criminosas, desde revelações de que tinha ajudado a Brigada Vermelha até a venda de vistos alemães à ucranianos para fins lucrativos. Apesar destas dificuldades, quando Fischer se demitiu do cargo de ministro do exterior em 2005, foi amplamente considerado como um estadista muito amado que tinha reconhecido a magnitude imperdoável do passado fascista da Alemanha. Os escândalos prejudicam especialmente aqueles que são vistos como em desacordo com o espírito do progresso. E os democratas cristãos tiveram de lidar com essa desvantagem numa Europa pós-cristã e multicultural, não apenas sendo mais limpos do que os seus opositores, mas também negando a sua identidade outrora estabelecida.
DEMOCRACIA CRISTÃ NA ALEMANHA DE HOJE
A relutância da atual chanceler alemã, Angela Merkel, em expressar suas visões cristãs durante a campanha eleitoral de 2005, demonstra que os Democratas Cristãos estão fugindo do "C" no nome do partido. No caso de Merkel, tal comportamento foi particularmente desconcertante devido à sua insistência de que o seu partido nunca tinha perdido "o seu conceito de valores". Como o analista do partido Stefan Eisel demonstrou num estudo para a Konrad Adenauer Stiftung (dezembro de 2005), o fato de Merkel ter evitado a questão dos valores pode ter tido um efeito bem diferente daquele que ela pretendia. Em vez de ajudá-la a projetar uma imagem sensível, o seu plano pode ter mantido parte do seu círculo eleitoral principal afastado das pesquisas. Eisel nota a queda nos votos da CDU desde 2003: em dois anos o voto do partido nas eleições federais tinha caído de 39 para 36 por cento, uma tendência que pode ser relacionada com a insatisfação declarada dos "eleitores de valores conservadores". Felizmente para Merkel, o total de votos da sua oposição socialista caiu ainda mais precipitadamente do que o seu nas eleições federais alemãs de 2005.[12]
Não satisfeita com os seus esforços para minimizar os valores religiosos, Merkel e seus conselheiros, mais notoriamente o presidente do Bundestag, Werner Lammert, tentaram "clarificar" as referências democratas cristãs à uma "cultura dominante", ouvidas pela primeira vez na campanha eleitoral de 2000. Para não ser confundida com uma chauvinista cultural ou religiosa, Merkel redefiniu o tipo de cultura que os seus compatriotas deveriam estimar como "tolerância e convivência". Mas uma vez que este slogan poderia significar ocidental ou cristão, Merkel, filha de um ministro protestante saxão, tentou destacar a neutralidade cultural daquilo que ela defende. O seu associado do partido, Lammert, certamente falou por ela quando explicou numa entrevista à imprensa em 2006 que "desejava realizar um debate sobre uma possível ‘cultura dominante’", mas depois se esquivou de responder qual seria o conteúdo desejado. O que o partido de Lammert pedia era compatível com as culturas não ocidentais, e na Alemanha a valorização cultural que a CDU procurava seria religiosamente não ameaçadora e harmonizar-se-ia com uma sociedade "multicultural" mantida em conjunto por algumas "regras em geral vinculativas".[13]
Nos últimos 20 anos, o partido de Merkel afastou-se dramaticamente da estratégia da época de Adenauer-Erhard, que consistia em estender a mão à partidos de direita não nazistas, especialmente o Deutsche Volkspartei. Em vez disso, a CDU contemporânea pediu aos tribunais alemães que proibissem a oposição de direita. A antiga CDU recorreu ocasionalmente a esta política quando estava chamando a atenção dos verdadeiros nazistas, mas Merkel, Edmund Stoiber, o chefe do partído bávaro CSU, e outros líderes da União adotaram uma definição mais abrangente dos perigos de direita. Eles trabalharam para marginalizar a sua oposição de direita através dos tribunais, apresentando os desafios eleitorais como "ameaças à ordem democrática liberal". Os historiadores jurídicos alemães Josef Schusslburner e Eckhard Jesse escreveram extensivamente sobre esta perigosa tendência, que pode ser descrita como a tentativa da União de transformar a atual obsessão antifascista no seu país em uma vantagem parlamentar.[14]
Embora a CDU alemã tenha procurado desesperadamente por uma nova identidade, ela possui evidentes vantagens em comparação com partidos semelhantes na Europa Ocidental. Ao contrário de grupos na França, Itália, Bélgica, Portugal e Espanha, a CDU ainda pode reunir entre 35 e 40 por cento dos votos nas eleições federais. Significativa, também, é a sua capacidade de organizar as suas próprias coligações de governo como um partido com influência eleitoral. Ao contrário do DC italiano ou o seu equivalente na França, não é apenas um dos vários partidos alinhados com um bloco que se revezam no poder com uma oposição esquerdista. Na Itália, alguns democratas cristãos juntaram-se à coligação governante de esquerda de Romano Prodi, enquanto os restantes se mantêm em oposição, com a Casa di Liberta de Silvio Berlusconi.
Na França, o MRP nunca foi mais do que um partido minoritário que entrou em coligações formadas por blocos maiores, que o controlavam. O seu primeiro primeiro-ministro após a guerra, Georges Bidault, só exerceu sua função durante alguns meses em 1946, antes de ter que ceder o poder ao socialista Léon Blum.[15] Embora tenha regressado como primeiro-ministro e/ou ministro das relações exteriores no final dos anos 40 e início dos anos 50, Bidault viu o seu partido ser engolido por uma organização gaullista no final dos anos 50, após a reconstrução do centro-direita francês. A sua formação democrática cristã na França nunca atingiu a estrutura monolítica ou o poder eleitoral que o partido de Adenauer ainda continua a exibir.
A GRANDE CONQUISTA DE ADENAUER
O estudo volumoso de Frank Bösch sobre os anos de fundação da CDU, e o seu engenhoso arquiteto, continua relevante para a compreensão desta proeza de resistência, mesmo num partido que aparentemente perdeu o seu centro moral. A chave para a história foi a decisão estratégica de Adenauer de se retirar do seu habitat natural partidário, criando um partido alemão do pós-guerra que incluiria os não-católicos. Para afastar-se do Partido Centrista, precisou mover-se em duas direções: fazer um programa confessional (fora das regiões católicas), enquanto permanecia aberto ao "liberalismo" protestante, no sentido de avançar para uma economia de mercado. O que permaneceu intacto do Partido Centrista após a Guerra foi seu aspecto anti-nazista, mas também clericalista e simpatizante da economia socialista. Embora Adenauer tenha tendido às mesmas direções, teve de deixar suas inclinações pessoais de lado a fim de estabelecer um partido verdadeiramente nacional.[16] O Partido Centrista, que espreitava entre o socialismo na economia e o clericalismo em questões educacionais e sociais, não serviria ao fim de Adenauer. O novo partido teve de atrair um eleitorado católico, rural, de cidades pequenas, mas também teve de integrar uma considerável minoria protestante. Podia conseguir isso tornando-se "cristão" num sentido geral, mas não denominacional (os primeiros democratas cristãos referiam-se à sua identidade cristã amorfa como ''weltanschaulicher Kitt [cola cosmológica]'') e avançando em direção a uma economia baseada no mercado.
Esses desenvolvimentos permitiriam à nova coligação captar votos protestantes suficientes para se tornar o partido governante na República Federal Alemã. Uma reunião bem-sucedida com a parte oriental da Alemanha teria tornado esses cálculos muito menos certos. Na verdade, é duvidoso que os apelos periódicos de Adenauer ao sonho da reunificação alemã fossem fundados em sentimentos profundos. Mas as suas afirmações traziam o benefício de tranquilizar os eleitores protestantes, mostrando que partilhava a preocupação destes com os protestantes alemães então sob o regime comunista.
Igualmente importante foi o fato de que estes eleitores reforçaram os laços de seu partido com os milhões de alemães que tinham sido expulsos da Europa Oriental no final da Segunda Guerra Mundial. Unidos em grupos tão bem-organizados como o Bund der Vertriebenen Deutschen (Liga dos Alemães Exilados), essas massas de alemães étnicos desabrigados gravitaram em direção à CDU porque esta era considerada como seguramente anticomunista. Estes exilados eram também predominantemente católicos, o que pode ter aumentado o apelo de Adenauer para eles como líder nacional alemão. Além disso, na década de 1950, a CDU tinha ido em várias direções políticas na construção de coligações. O partido formou e manteve governos com os regionalistas católicos na CSU da Bavária, ao mesmo tempo em que construía alianças com o partido protestante e liberal-clássico Partido Democrático Livre. O “partido de sucesso” de Adenauer também continuou a engolir o Partido Centrista Clericalista na Renânia e o Deutsche Volkspartei, que tinha florescido entre os nacionalistas protestantes na Alemanha Central.
Em um sentido bem real, a CDU de Merkel continua a ser beneficiária deste feito eleitoral e parlamentar. Apesar das suas aberturas em direção à esquerda multicultural, Merkel manteve a maioria dos grupos que Adenauer tinha trazido para o seu lado. Estes vão desde a comunidade empresarial anti-socialista, federalistas bávaros e a maioria dos que se identificam como cristãos, até os descendentes das minorias alemãs que tinham sido expulsas após a Segunda Guerra Mundial.[17] O que distingue a CDU alemã da maioria dos democratas cristãos continentais é a sua extensa composição. Esse partido tem usufruído de vantagens numa era cada vez mais secular devido à sua relativa independência de qualquer estabelecimento religioso. Embora os eleitores religiosos de Merkel não tenham saído tanto em vantagem, deve-se lembrar que o seu partido precisa ganhar nem mesmo 40% votos para governar no sistema parlamentar da Alemanha. Merkel também está lidando com uma cultura acadêmica e midiática que é bem mais politicamente correta do que a americana. E desde a chegada dos revolucionários de 1968 em altos cargos jornalísticos e acadêmicos, os temas antinacional e “antifascista” dominam o discurso político da Alemanha.[18]
Os valores da esquerda alemã –antinacionalismo e multiculturalismo– podem ajudar um partido centrista, desde que se mova para a esquerda mais lentamente do que a sua oposição. Tal como o Partido Republicano Americano, os democratas cristãos alemães podem estar confiantes de que os seus principais opositores se manterão à sua esquerda. Nenhum dos grupos precisou fazer esforços para parecer mais “conservador” ou mais religioso do que os seus principais rivais eleitorais. Nenhuma das partes tem de fazer mais do que mencionar a Deidade, queixar-se de desvios morais ou, no caso da Merkel, aludir ao "valor" da tolerância para apelar a eleitores relativamente tradicionalistas. Na Alemanha, é possível encontrar as origens da organização de um partido centrista tão flexível já no final da década de 1940 com a procura de Adenauer pelo juste milieu. Seu feito construtivista ainda está lá para ser admirado.
Notas
[1] Giuseppe Spartaro, I democratici cristiani dalla dittatura alla repubblica (Rome: Arnoldo Mondatori Editore, 1968), pp. 25–40. Robert Leonardi e Douglas A. Wertman, Italian Christian Democracy (New York: St. Martin’s Press, 1989); e a acusação condenatória do regime clericalista democrático cristão de acordo com o relato do partido comunista, por Giorgio Chiarante em La democrazia cristiana (Rome: Editore Riuniti, 1950).
[2] Ver a introdução à Leonardi e Douglas, Italian Christian Democracy.
[3] Frank Bösch, Die Adenauer CDU: Gründung, Aufstieg, und Krise einer Erfolgspartei (1945–1969), Stuttgart e Munich: Deutsche Verlags-Anstalt, 2001, especialmente pp. 80–125.
[4] Ver Klemens von Klemperer, Ignaz Seipel: Christian Statesman in a Time of Crisis (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1972); e Hugo Hantsch, Gestalten der Geschicke aus Österreich (Vienna: Herder, 1962), pp. 579–609.
[5] Veja o retrato de Schumacher em Franz Walter, Die SPD: Vom Proletariat zur Neuen Mitte (Berlin: Alexander Fest Verlag), pp. 122–31.
[6] Para uma visão geral do espectro político francês, incluindo o MRP na véspera do retorno de De Gaulle ao poder, ver Maurice Duverger, Les partis politiques (Paris: Armand Colin: Paris, 1959).
[7] Giuseppe Spartaro, I democratici cristiani dalla dittatura alla repubblica, pp. 24–6.
[8] Ver Paul Gottfried, The Strange Death of Marxism; The European Left in the New Millennium (Columbia, Mo.: University of Missouri Press, 2005), pp. 27–41; e Marc Lazar, Maisons rouges: Les Partis communistes français et italiens de la libération à nos jours (Paris: Aubier, 1992).
[9] Allan J. Levine, Stalin’s Last War: Korea and the Approach to World War III (New York: McFarland, 2005), pp. 272–75.
[10] Para um retrato detalhado da carreira pós-guerra de um proeminente conservador nacionalista alemão, que se tornou um neutralista com inclinações pacifistas em meados dos anos 1950, ver Han von Sothen’s ‘‘Hans Zehrer als politischer Publizist nach 1945’’ em Die kupierte Alternative: Konservatismus in Deutschland nach 1945, ed. Frank Lothar Kroll (Berlin: Duncker & Humblot, 2005), pp. 125–80.
[11] Frank Bösch, Die Adenauer CDU, pp. 150–78; Hans Pohl (editor), Adenauers Verhältnis zur Wirtschaft und Gesellschaft (Bonn: Stiftung Bundeskanzler-Adenauer-Haus 1992); Franz Walter, Die SPD, pp. 159–61.
[12] Stefan Eisel, Die Politische Meinung (publicado mensalmente pela Fundação Konrad Adenauer, Dezembro de 2005); Paul Gottfried, ‘‘Der immerwiederkehrende Sozialismus,’’ Neue Ordnung (Verão de 2006), pp. 28–32.
[13] Courrier International, “une chancelière chancelante’,’ 13 de julho de 2006, p. 12.
[14] Eckhard Jesse, Politischer Extremismus in der Bundesrepublik Deutschland (Bonn: Bundeszentrale für politishe Bildung); e Josef Schüsslburner, Demokratie-Sonderweg Bundesrepublik: Analyse Einter Herrschaftsordnung (Kunzell: Lindenblatt Media, 2004).
[15] Jacques Fauvet, La quatrième république (Paris: A Fayard, 1959), particularmente pp. 91–8.
[16] Frank Bösch, Die Adenauer CDU, pp. 250–78.
[17] Meu livro que está para ser lançado, Conservatism in America: Making Sense of the American Right (New York: Palgrave-McMillan, 2007) inclui uma extensiva crítica dessa estratégia que, de acordo com minha tese, resulta numa direita muito menos substantiva no movimento descrito. Essa estratégia pode levar outros partidos ocidentais de centro-direita em direção a difíceis decisões ideológicas no futuro.
[18] Ver Uwe Siemon-Netto, ‘‘The ’68er Regime in Germany,’’ Orbis, Outono de 2004.